quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Raposa Serra do Sol é assunto de Audiência Pública

             Desde 2005, quando a demarcação foi homologada, população de Roraima faz protestos e pede por melhor qualidade de vida

            Após a demarcação da terra em 2005, o que se viu, segundo a comunidade local foi um cenário de abandono dos povos indígenas. Lotes foram dados sem a infraestrutura necessária, terras que antes produziam arroz e representavam 6% do PIB do estado de Roraima foram reduzidas e hoje produzem uma quantidade 50% menor. De 1.200 empregos diretos e com carteira assinada, sobraram apenas 600, por conta destes fatores houve inchaço nas periferias de Boa Vista.
Plenário assiste a matérias jornalísticas sobre o assunto
            Para analisar este conflito, a Comissão de Agricultura realizou Audiência Pública nesta terça-feira (23), para debater e discutir possíveis soluções para o problema da região. Na reunião estiveram presentes representantes de todas as comunidades locais, indígenas e agricultores. Manoel Bento Flores é presidente da ALDECIR, Aliança de Integração e Desenvolvimento dos Povos Indígenas de Roraima, afirmou que os índios, após a demarcação, sofrem com a situação e que policiais diversas vezes já entraram em conflito com a comunidade local “Estamos sem apoio do Governo Federal e da FUNAI, sofremos com o IBAMA que desviou a verba dos loteamentos indígenas. Nossa comunidade é perseguida pela policia e vários companheiros já foram presos e processados” conta.
            Silvio da Silva, presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima (SODIUR), relatou que a comunidade local sofre preconceito e que está abandonada e sem poder trabalhar “Sabemos o que queremos, queremos uma convivência pacifica, sem isolamento. Muitos têm preconceito com o índio e falam que somos preguiçosos, mas hoje com esta situação não podemos mais trabalhar na terra”.
O plenário estava cheio quando a produtora rural e representante da Associação dos Desintruzados de Roraima, Regina Aparecida, emocionada, apelou aos presentes e pediu ajuda para mudar a realidade atual da comunidade “Estão acabando com a nossa terra, já tivemos reunião com o Governo Federal e eles prometeram nos ajudar e até agora nada foi resolvido, estão esperando o quê?” Regina ainda expressou o sentimento e o desejo de todos os produtores rurais da região “Queremos o direito de morar, de morrer em nossa terra. Muitos já estão morrendo antes de ter de volta o pedaço de terra que te pertence. Pensem em seus avôs, em seus pais, nos ajudem”.
Lylia Galetti encerrou a audiência e disse desconhecer o assunto da reunião “Fui informada de que o debate seria sobre a questão indígena na atualidade e efeitos de demarcações de terras indígenas” disse a representante do Ministério da Justiça e coordenadora-geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento da Funai. Lylia afirmou que todas as funções que eram de competência da FUNAI, foram cumpridas.
Por Marcos Oliveira

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